sábado, 26 de maio de 2012

Por Dentro da Euro 2012 – Grupo C

Com a Euro 2012 chegando, esse blogueiro, em parceria com o site A Prancheta, preparou um guia especial para que você fique Por Dentro da Euro. Arthur Barcelos e Rafael Andrade analisam os 16 selecionados que disputarão a segunda maior competição de Seleções do planeta, durante os meses de junho e julho na Polônia e Ucrânia.

GRUPO C

· ESPANHA (Por Rafael Andrade)

A melhor e mais vencedora geração do futebol espanhol em todos os tempos, chega para a busca pelo tri continental com a mesma base que faturou a Europa e o Mundo em 2008 e 2010, além de algumas caras novas de muito talento, que fazem da “Fúria” a principal favorita a levar a taça.

Líder do ranking da UEFA e da FIFA, La Roja passeou nas Eliminatórias, com uma campanha soberba de 8 triunfos em 8 jogos, com 26 tentos anotados e apenas seis sofridos. O problema para os espanhois é chegar à competição com desfalques importantes. Um deles, o maior artilheiro de sua história, David Villa, que ainda se recupera de lesão sofrida no último Mundial de Clubes, em dezembro de 2011, além de Puyol, líder da defesa vermelha que passou recentemente por uma cirurgia no joelho.

Jogos

10/06 – Espanha x Itália
14/06 – Espanha x Irlanda
18/06 – Croácia x Espanha

Time-base

Espanha
Postada no sistema predominante do futebol atual, o 4-2-3-1, a seleção espanhola tem em no meio-campo o segredo de seu sucesso. Com dois volantes que marcam e saem muito bem para o jogo, e uma linha de três armadores composta por jogadores de extrema qualidade de passe, visão de jogo e movimentação – com inversões constantes nos posicionamentos, confundindo a marcação adversária –, a “Fúria” domina aquele setor e assim como o Barcelona de Guardiola, “aluga” para si, a posse da bola e do jogo. Sem poder contar com Puyol no miolo de zaga ao lado de Piqué, Del Bosque deve deslocar Sergio Ramos para o setor e escalar Arbeloa na lateral direita, onde perderia tanto na marcação quanto no apoio. Outra opção é manter o camisa 15 pelo flanco e entrar com Javi Martinez na quarta zaga – volante de origem, o jogador foi deslocado para a zaga por Marcelo Bielsa no Athletic Bilbao, e executou com maestria a função. No comando do ataque, sem David Villa, três nomes brigam pela posição. Fernando Torres, Llorente e Soldado, que leva ligeira vantagem pela sua última aparição com a camisa vermelha, onde anotou 3 dos 5 gols da goleada sobre a Venezuela.

O cara – Xavi Hernández
Xavi Um maestro na concepção da palavra, Xavi Hernández é um dos principais responsáveis pelo sucesso da Espanha e do Barcelona, com seu estilo de jogo simples, do toque fácil e do lançamento preciso, que geralmente deixa um companheiro em condições de marcar. Ao lado de Iniesta, forma uma dupla genial, que impôs em clube e seleção a filosofia do tiki-taka, o futebol do passe curto e preciso, mantendo consigo a posse da bola durante a maior parte do tempo. Atuando na faixa central da linha de três armadores de Del Bosque, Xavi dita o ritmo do jogo da Fúria e funciona como uma espécie de termômetro da equipe, conduzindo o time a boas ou más atuações.

Olho nele – Roberto Soldado
Soldado Sexto colocado na artilharia do Campeonato Espanhol com 17 gols (primeiro, contando apenas atletas espanhois), Roberto Soldado terá a dura missão de substituir ninguém mais ninguém menos que o maior goleador de todos os tempos com a camisa da seleção espanhola, David Villa. Missão que não será novidade para Soldado, que já substituiu o mesmo Villa no Valencia (quando o Guaje foi vendido ao Barcelona), onde com muitos gols caiu logo nas graças da torcida. Com um baita time para lhe servir, o veloz e goleador avante valenciano tem tudo para se sair bem com a seleção vermelha nesta Euro.

Ponto forte – Posse/Toque de bola
Como já foi dito acima, o estilo tiki-taka predomina na seleção espanhola, dona de futebol vistoso, agradável de ver. Com um meio-campo de muita qualidade, a “Fúria” controla a posse da bola e envolve o adversário com passes curtos e precisos, encurralando o oponente em seu campo de defesa, além de cansar o adversário, física e mentalmente, na tentativa (geralmente sem sucesso) de roubar a bola.

Ponto fraco – Produção ofensiva
Apesar de dominar completamente a posse da bola e envolver o oponente, um problema que afeta a seleção espanhola é a produção ofensiva – ou a falta dela. Falta infiltração, falta arremate, enfim, falta poder de fogo. Mesmo na Copa do Mundo, quando terminou com o título, a “Fúria” venceu quatro jogos pelo placar mínimo, e acabou a competição com apenas oito gols marcados em sete jogos, um número baixo pela qualidade do time de Vicente del Bosque, que precisará trabalhar para corrigir essa questão.

· ITÁLIA (Por Arthur Barcelos)

Sem favoritismo, desacreditada... Essa é a Itália de Cesare Prandelli. E do jeito que os italianos gostam, superando as críticas e surpreendendo a todos. Quase sempre foi assim que funcionou na Azzurra, e exemplos não faltam – 1968, 82 e 2006 são os maiores. No entanto, não é no acaso, na sorte, que o selecionado da “Terra da Bota” deve depositar suas fichas. Quem espera algo da sorte, acaba derrotado. E Prandelli e seus comandados muito bem sabem disso.

Se o favoritismo está com os alemães e espanhois, a campanha italiana nas Eliminatórias para o torneio continental permite ao torcedor italiano sonhar com uma campanha melhor que as decepcionantes participações em 2004 e 2008. Num grupo com adversários intermediários, mas nem por isso fáceis, como Sérvia, Estônia, Eslovênia e Irlanda do Norte, foram 8 vitórias e 2 empates nos 10 confrontos, onde a Azzurra comprovou a competência defensiva, sofrendo míseros 2 gols, tendo marcado 20 a seu favor – uma boa média boa para quem tem o apelido de “retrancona”.

Jogos
10/06 – Espanha x Itália
14/06 – Itália x Croácia
18/06 – Itália x Irlanda

Time-base

Itália
Baseada na invicta Juventus, Cesare Prandelli tem no time de Antonio Conte sua principal fonte, não só nos nomes, como também no esquema tático. Apesar de ter utilizado o 4-3-1-2 em boa parte de 2011, a falta de um trequartista fez o técnico bresciano em muitos casos optar por um 4-3-3, esse que deve ser efetivado, pelo menos é o que indica pelos treinamentos. É verdade que faltam ponteiros, mas não faltam opções para ocuparem tais espaços, como Giovinco, Di Natale, Balotelli, entre outros. E como não gosta de ter um “poste” no ataque, Prandelli deverá formar um trio (ou dupla) de ataque com muita movimentação, como foi com Cassano e Rossi nas Eliminatórias, e que farão falta – o primeiro é dúvida por ainda estar se recuperando do AVC, enquanto segundo só volta de lesão em 2013. Outra opção poderia ser o 3-5-2, também utilizado pela Vecchia Signora e que voltou com tudo na temporada 2011/12 na Serie A em vários clubes.

O cara – Andrea Pirlo
Pirlo Tanto no 4-3-1-2, no 4-3-3 ou até mesmo o 3-5-2, Pirlo tem a liberdade necessária para ser o regente do time, como na Juventus. E o meio-campista não tem decepcionado, com a velha forma de volta, sempre preciso nos passes e lançamentos, bem como na sua inteligência tática. É o motor da Azzurra.

Olho nele – Sebastian Giovinco
Giovinco Mais uma vez destaque do Parma na Serie A, ‘La Formica Atomica’ tende a ganhar espaço com as ausências de Cassano e Rossi, e terá nos últimos amistosos a chance de mostrar à Prandelli que pode ser o principal nome do ataque italiano. Em seu clube, participou diretamente de quase 60% dos gols na Serie A.

Ponto forte – Consistência defensiva
Esse na maioria das vezes sempre foi o ponto forte do selecionado italiano. Com Prandelli não é diferente, apesar da maneira de jogar se distinguir de outras equipes, já que o time do ex-técnico da Fiorentina privilegia o toque de bola, a ocupação de espaço, movimentação ofensiva e compactação, e não simplesmente uma equipe “fechadinha” e competente nos contragolpes.

Ponto fraco – Falta de um “matador”
Sempre famosa por ter atacantes competentes na hora de colocar a bola no fundo das redes, a atual equipe vem sofrendo com o mau momento dos que seriam os principais “9” na Euro: Matri e Pazzini, tanto que ambos sequer foram relacionados por Prandelli. A esperança agora é depositada no veterano Di Natale, que voltou a ser lembrado, e no polêmico Balotelli, que recebeu um voto de confiança de Prandelli.

· IRLANDA (Por Arthur Barcelos)

Depois de 24 anos de ausência, finalmente a Irlanda voltará a disputar a principal competição de seleções nacionais do Velho Continente. E um dos grandes “culpados” por isso é o mais que experiente, e já perto de se aposentar, Giovanni Trapattoni. Com grandes trabalhos nos três grandes clubes italianos (Juventus, Internazionale e Milan), “Trap”, ao lado de Marco Tardelli, seu assistente, conseguiu montar uma equipe compacta e objetiva, como manda o script dos times montados pelo italiano.

Após ter ficado no quase nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, a Irlanda não passou por maiores sufocos na fase classificatória para o torneio a ser disputado em Polônia e Ucrânia. Uma campanha surpreendente até, onde em 10 partidas venceu 6, empatou 3 e perdeu apenas 1, para a Rússia, que acabou com a liderança do Grupo B. Nos playoffs, a goleada sobre a Estônia, fora de casa, por 4 a 0 garantiu a vaga, confirmando o porquê do investimento no trabalho do sempre competente Trapattoni, apesar da idade e de problemas físicos.

Jogos
10/06 – Irlanda x Croácia
14/06 – Espanha x Irlanda
18/06 – Itália x Irlanda

Time-base

Irlanda
Num time compactado, eficiente pelos flancos e objetivo nos contra-ataques, nada melhor que optar por um 4-4-2 bem ao modo inglês, com as duas linhas de quatro próximas, diminuindo o espaço do adversário. Uma equipe bem simples e direta montada por “Trap”, e um tanto que previsível, é verdade. Espanha, Itália e Croácia, claramente superiores tecnicamente, terão dificuldades em superar o sistema defensivo irlandês, que sofreu 8 gols em 12 partidas nas Eliminatórias.

O cara – Robbie Keane
Keane Maior artilheiro do selecionado irlandês e também artilheiro do time nas Eliminatórias (além do vice no geral), o capitão e principal líder Robbie Keane é o grande nome da equipe de Trapattoni. E o esquema utilizado dá a liberdade para que o atacante do Los Angeles Galaxy desenvolva seu melhor futebol.

Olho nele – Aiden McGeady
McGeady Típico winger, McGeady está acostumado com a tática e é a principal arma pelos flancos da equipe, aliando sempre muita velocidade, habilidade e boa batida na bola. Um pouco de preciosismo e alguns apagões podem atrapalhar o ponteiro do Spartak Moscou, mas não pode ser desprezado pelos adversários, e, em condições normais, tenderá a dar bastante trabalho.

Ponto forte – Compactação
Como já citado, é um time que joga bem fechado, que ocupa com inteligência os espaços e atua com as linhas de quatro bem próximas, justamente nesta busca pela exclusão de espaços para os adversários.

Ponto fraco – Previsibilidade
Um time chato de se enfrentar por seus méritos defensivos, mas “fácil” de se anular ofensivamente, dado a falta de opções existentes. Anulando os wingers e Robbie Keane, a equipe de Trapattoni simplesmente não produzirá nada ofensivamente.

· CROÁCIA (Por Rafael Andrade)

Desde 2006 no comando da Croácia, Slaven Bilic tem na Euro 2012 a sua última chance de um bom trabalho a frente da seleção de seu país, uma vez que após o certame continental o treinador irá comandar o Lokomotiv Moscou. A missão é levar a equipe à no mínimo repetir as suas melhores campanhas na Euro, em 1996 e em 2008 quando foram até as quartas de final, com Bilic presente em ambas – na primeira como jogador de um super time que contava com nomes como Suker, Boban e Prosinecky, na segunda já como comandante.

Para conseguir a vaga, a seleção do uniforme xadrez venceu sete duelos, empatou um e perdeu dois, anotando 18 tentos e sofrendo sete, campanha suficiente para ficar com o segundo lugar do grupo que teve a Grécia como líder. Na repescagem contra a Turquia, uma vitória maiúscula por 3 a 0 em território turco e um empate sem gols dentro de casa asseguraram a participação croata em mais uma Euro, sua quarta desde a divisão da antiga Iugoslávia.

Jogos
10/06 – Irlanda x Croácia
14/06 – Itália x Croácia
18/06 – Croácia x Espanha

Time-base

Croácia
Bilic caracteriza-se por estudar bem os seus adversários e armar sua equipe de acordo com o que vai enfrentar, variando assim sua equipe, utilizando geralmente o 4-3-3 ou o 4-4-2, este último com maior frequência. Com duas linhas de quatro retraídas e compactas, a seleção croata explora muito as jogadas pelos flancos, com Srna e Rakitic, este tendo o apoio constante do ofensivo lateral Pranjic. Nas constantes subidas do lateral-esquerdo, a linha defensiva se fecha em três defensores com o lateral oposto Corluka recuando para fechar o setor. Duas dúvidas ainda persistem na cabeça do treinador, quanto à utilização de Lovren e Kranjcar, que ainda se recuperam de lesão e não tem presença confirmada no torneio.

O cara – Luka Modric
Modric Dono de técnica apurada, boa visão de jogo e qualidade no passe, Luka Modric é o principal organizador da equipe croata. Atuando como box-to-box (mesma maneira que atua no Tottenham), o camisa 10 pode aparecer bem na frente com a posse da bola para usar uma de suas principais armas, o arremate de média distância, ou pode, sem o controle da redonda, recompor a segunda linha e contribuir na redução dos espaços do oponente.

Olho nele – Mario Mandzukic
Fussball / firo Portraits Wolfsburg 120711 Artilheiro e destaque do Wolfsburg na temporada, Mario Mandzukic é um atacante de qualidade no arremate e no trabalho de pivô, que faz com que o goleador seja também um bom assistente. Com a camisa da seleção, o avante foi o vice-artilheiro nas Eliminatórias, marcando inclusive um dos gols na importante vitória por 3 a 0 sobre a Turquia, que garantiu o selecionado croata na Euro.

Ponto forte – Linha de fundo
De um lado, as investidas em velocidade de Rakitic, com o apoio de Pranjic. Do outro, os cruzamentos sempre precisos de Darijo Srna. Assim, as jogadas de linha de fundo são armas mortais para os croatas. Jogadas de bola parada também são sempre bem aproveitadas, prova disso são os quatro tentos que fizeram do zagueiro Lovren artilheiro da seleção nas Eliminatórias.

Ponto fraco – Idade

Com uma alta média de idade (31 anos), o folego da seleção croata pode ser um diferencial contra o time de Bilic.

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