terça-feira, 28 de maio de 2013

A Consagração de uma geração e a redenção de um craque


A pressão imposta pelo Borussia nos primeiros vinte minutos de jogo em Wembley deixava claro que, ao contrário do que imaginava esse que vos escreve (AQUI), os aurinegros não iam se acuar diante do poderoso rival.

O time de Jurgen Klopp começou a partida num ritmo intenso, com linhas de marcação altas e aperto nas principais vias de saída do Bayern, Phillip Lahm e Bastian Schweinsteiger. O lateral era vigiado por Grosskreutz, enquanto Gundogan empurrava o 31 bávaro contra seu setor defensivo, ganhando a batalha de meio campo.

Se impondo especialmente na parte física, o Borussia levou perigo à meta de Neuer, que foi o responsável por manter o zero no placar com pelo menos três boas defesas no período.

A partir de metade da etapa inicial, Schweinsteiger recuou até a linha de zagueiros, se tornando praticamente um líbero, dando liberdade para os laterais avançarem e saírem do sufoco imposto pelos meias abertos do Borussia. Com isso, o Bayern ganhou com saída de bola qualificada desde a sua defesa, cresceu e passou a controlar as ações da peleja.

Flagrante do recuo de Schweinsteiger e avanço dos laterais . Imagem retirada do post dos amigos do Doentes por Futebol.
Taticamente, o clube da Baviera veio postado no mesmo 4-2-3-1 de toda a temporada, porém, com uma pequena mudança de posicionamento no tridente de meias ofensivos. Robben e Muller inverteram suas posições de costume, com o holandês se deslocando pro centro e o camisa 25 ocupando o flanco direito.

Mesmo sem poder contar com Gotze, Jurgen Klopp manteve o 4-2-3-1 com Reus por dentro e Grosskreutz e Kuba alinhados ao camisa 11. No Bayern, Jupp Heynckes também utilizou o mesmo 4-2-3-1, porém, com Robben e Muller invertidos.
Com a aproximação de Robben e Ribery, as oportunidades começaram a surgir em demasia, especialmente nos pés de Robben, que teimava em desperdiçá-las, fazendo voltar à tona as memórias de seus fiascos em decisões – Copa do Mundo em 2010, e final da UCL da temporada passada, quando desperdiçou um pênalti na prorrogação contra o Chelsea.

O panorama na segunda etapa seguiu o mesmo, com o Bayern tendo o domínio da bola e do jogo. O time vermelho ocupava o campo ofensivo e procurava os espaços com troca de passes rápidos e movimentação constante dos homens de frente. Espaço que foi achado quando Robben se infiltrou pela esquerda para receber passe magistral de Ribery, e cruzar certeiro para o meio da área, onde Mandzukic só teve o trabalho de empurrar para o gol vazio e abrir o placar da decisão.

A explosão da torcida bávara nas arquibancadas de Wembley durou pouco mais de cinco minutos. Reus invadiu a área e foi derrubado por Dante, que atabalhoado levantou demais o pé e acertou em cheio a barriga do 11 borussiano. Aqui, talvez o único erro grave do árbitro Nicola Rizzoli, que apontou a penalidade, mas deveria ter mostrado o segundo amarelo para o zagueiro brasileiro. Gundogan cobrou com categoria, no canto oposto de Neuer e empatou o certame.

Naquele momento, a igualdade no marcador poderia remeter ao Bayern as lembranças dos dois vices nas últimas três temporadas, especialmente por contar com vários jogadores presentes nas derrotas. No entanto, o time se mostrou maduro, e seguro do que queria. Queria a taça. Queria apagar o estigma de derrotado que poderia marcar essa excelente geração.

O gol do título poderia ter sido de Thomas Muller, um dos presentes nas duas finais perdidas, que avançou pela direita, passou pelo goleiro Weidenfeller e tocou pro gol, mas Subotic salvou em cima da linha. Não era para ser dele.

Em mais uma daquelas histórias que só o futebol pode proporcionar, quis o destino que o herói fosse justamente aquele que desperdiçou a chance da conquista na temporada anterior dentro da Allianz Arena. O destino escolheu Arjen Robben.

Participativo, o holandês já havia desperdiçado três oportunidades no jogo, já havia servido para o gol de Mandzukic, mas sua redenção só seria completa com o gol que veio a dois minutos do fim. Em bola longa de Boateng, que Ribery ganhou da defesa e de calcanhar deixou para Robben. O camisa 10 tirou de Hummels e deu um toque sutil na saída de Weidenfeller para tirar do goleiro e ver a bola ir mansa morrer no fundo da rede.


O tento que assegurou o quinto título continental na gloriosa história bávara foi também o da libertação de Robben, que trocou o rótulo de “amarelão” pelo posto de herói de uma conquista incrível, que coroa uma temporada irretocável e consagra de vez essa espetacular geração do time de Munique.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Pré Jogo: Borussia Dortmund x Bayern Munchen - Decisão UEFA Champions League



Duas equipes que conhecem uma a outra nos seus mínimos detalhes. Sabem de pontos fortes, fracos, virtudes e defeitos um do outro, em razão da quantidade de enfrentamentos entre elas. Só nesta temporada, já se foram quatro confrontos, com duas vitórias vermelhas e dois empates.

Estes, porém, são resultados que não devem ser levados em consideração, uma vez que os aurinegros abriram mão de seus campeonatos nacionais para se focarem exclusivamente na competição continental.

Decisão que se mostrou acertada, uma vez que apesar de ter um onze inicial excepcional, era evidente que o Borussia não teria força para brigar nas três frentes – Bundesliga, Copa da Alemanha e Champions League. O plantel é modesto. O banco não tem qualidade condizente com o time titular.

Diferentemente do Bayern, que conta com elenco rico e nomes amplamente capazes de levar o clube à busca pela inédita tríplice coroa. O grupo de Jupp Heynckes é fortíssimo, com jogadores no banco que não apenas podem manter o nível dos titulares, como podem mudar e decidir uma partida. O maior exemplo disso é Arjen Robben.

O holandês tem futebol suficiente para ser titular em grandes equipes do planeta. Era reserva no inicio da temporada com Heynckes, que contava com Muller, Kroos e Ribéry na linha de três armadores de seu 4-2-3-1. Com a lesão de Kroos, o camisa 10 reassumiu seu posto entre os onze para ser decisivo na reta final do certame continental e não mais perder a vaga entre os titulares.

Além de Kroos, quem também estará fora da decisão em virtude de uma lesão é o maestro borussiano Mario Gotze. Já contratado pelo Bayern, a partida seria sua despedida do time amarelo e preto, no entanto, o meia não se recuperou de um desconforto muscular sentido na semifinal contra o Real Madrid e não irá a Wembley.

Sem seu camisa 10, Jurgen Klopp provavelmente terá de mexer em seu sistema tático, uma vez que não conta no elenco com jogador de características semelhantes. Assim, a tendência é a entrada de Kevin Grosskreutz pelo lado esquerdo da sua linha de meio campistas, deslocando Reus para o centro e formando algo próximo de um 4-4-1-1.

Titular e peça importante nas campanhas do bi campeonato alemão, Grosskreutz se caracteriza por ser um meia que atua na beirada do gramado – especialmente a esquerda, formando uma dobradinha com o lateral Schmelzer no combate ao ataque adversário sem a bola, e chegando com força ao campo ofensivo na retomada da posse. Com isso, Klopp ganha no cerco a Phillip Lahm, lateral que chega com perigo ao ataque e de onde saem sempre boas jogadas vermelhas.

Com a entrada de Grosskreutz, Jurgen Klopp pode montar o time com duas linhas de quatro compactas e Reus um pouco mais adiantado, encostando em Lewandowski, numa espécie de 4-4-1-1.

Outra opção para o treinador aurinegro é a entrada de Nuri Sahin entre os onze que começarão a decisão, mantendo o mesmo 4-2-3-1 utilizado ao longo da temporada, com Gundogan ocupando o lugar de Gotze na linha de três ofensiva e o turco fazendo o papel de segundo volante. Tal formação, já foi utilizada no empate contra o próprio Bayern pela 32ª rodada da Bundesliga, onde as duas equipes utilizaram times mistos, se poupando já em função do jogo decisivo pela competição continental.

A entrada do camisa 18 pode ser uma boa solução para combater o principal articulador vermelho, Bastian Schweinsteiger, uma vez que Gundogan um pouco mais a frente, poderia seguir cada passo do 31 bávaro. Além de dar mais liberdade aos seus ponteiros, Marco Reus e Jakub Blazcszikowski.

Com Sahin entre os titulares, Klopp pode manter seu 4-2-3-1, adiantando Gundogan para a função de meia central da linha de armadores.

Fato é que independente de quem entrar o Borussia não deverá mudar sua postura de time que lida bem sem a posse – tanto que detém meros 46% em média de domínio da bola por jogo, apostando mais na velocidade da transição ofensiva e na qualidade de seus homens de frente. O problema fica no trabalho de movimentação que geralmente é promovido pela trinca de meias, que certamente será comprometido sem Mario Gotze.

Já no Bayern, Jupp Heynckes deverá manter o estilo da equipe de prezar a posse da bola, agredindo e empurrando o adversário contra a sua própria área. Sem ela, o time da Baviera mantém suas linhas de marcação altas, sufocando o oponente em seu campo de defesa, forçando uma saída de bola “suja”, com ligação direta, facilitando assim a retomada.

Uma das chaves para decidir o confronto está no duelo entre as engrenagens das duas equipes, Schweinsteiger e Gundogan. Símbolos de volantes modernos, que marcam com eficiência, mas que também sabem chegar à frente com qualidade ímpar, tanto para servir quanto para arrematar. Quem se sair melhor entre os dois, pode levar sua equipe à vitória e consequentemente, ao sonhado título.

Título que pode ir para qualquer um dos dois lados. Como já fora dito, são dois times que se conhecem como poucos, e sabem bem como anular o jogo um do outro. Razão pela qual, esse que vos escreve não arrisca palpite.

E muito menos conseguirei torcer por uma das duas equipes, por considerar ambas merecedoras demais da taça. Para um, pode ser a consagração máxima de um trabalho longo e de pouco investimento, em um time que está prestes a sofrer um desmanche. Para o outro, a coroação de uma temporada perfeita, com números impressionantes e futebol encantador.

Minha torcida é apenas para que vejamos mais um grande espetáculo, mais uma partida daquelas de encher os olhos, mais um show nas arquibancadas, e que essa decisão, possa no futuro, tal qual a do capítulo I (leia AQUI), entrar para o rol das inesquecíveis.


terça-feira, 14 de maio de 2013

O ponto de partida de Scolari


Saiu nesta terça a lista de convocados para a disputa da Copa das Confederações, competição preparatória para o Mundial de 2014.

Muito se falou que a dúvida de Felipão girava em torno de Kaká ou Ronaldinho, em qual dos dois o comandante levaria – até por uma declaração do próprio, dizendo que só havia espaço pra um dos dois. O fato é que na hora H, o treinador brasileiro não levou nenhum, nem outro.

Confira abaixo, a lista de Luiz Felipe Scolari, e uma breve analise dos convocados – e dos não convocados também:

GOLEIROS: Julio Cesar (Queens Park Rangers), Diego Cavalieri (Fluminense), Jefferson (Botafogo).

LATERAIS: Daniel Alves (Barcelona), Jean (Fluminense), Marcelo (Real Madrid), Filipe Luis (Atlético Madrid).

ZAGUEIROS: Thiago Silva (Paris Saint Germain), David Luiz (Chelsea), Dante (Bayern Munique), Rever (Atlético/MG).

VOLANTES: Fernando (Grêmio), Luiz Gustavo (Bayern Munique), Paulinho (Corinthians), Hernanes (Lazio).

MEIAS: Oscar (Chelsea), Lucas (Paris Saint Germain), Jadson (São Paulo), Bernard (Atlético/MG).

ATACANTES: Neymar (Santos), Fred (Fluminense), Hulk (Zenit), Leandro Damião (Internacional).

No gol, Scolari foi perfeito. Até porque o Brasil está muito bem servido na posição, a ponto de deixar jogadores do quilate de Cássio e Diego Alves de fora. As laterais também estão bem servidas, embora, Rafael do Manchester United, era um nome que me agradava até pra ser titular, uma vez que vem de temporada bem superior a de Daniel Alves.

Outra posição em que Felipão acertou a mão foi a zaga. Quatro beques de primeira linha, com potencial para serem titulares. Já entre os volantes, Ralf joga em alto nível a um bom tempo e não foi lembrado. Talvez caberia o corinthiano na vaga de Luiz Gustavo, embora o jogador do Bayern também seja excelente na cabeça da área.

Entre os meias, Oscar e Lucas eram nomes certos. Bernard apareceu como ótima novidade. E o grande absurdo da lista, a ausência de Ronaldinho Gaúcho. Não pela convocação de Jadson, que atravessa bom momento com a camisa do São Paulo, mas sim pelo próprio dentuço. O camisa 10 do Atlético/MG vive a melhor fase de sua carreira desde os áureos tempos de Barcelona e deveria estar entre os vinte e três. Kaká, apesar de ter enorme talento, não joga no Real Madrid, não tem uma sequência de jogos e com isso seu ritmo é comprometido, portanto, sua ausência é justificável.

Neymar e Fred eram presenças mais que garantidas entre os nomes que iriam compor a linha de frente verde e amarela. Os outros dois nomes é que são questionáveis. Hulk não me agrada e poderia ser facilmente trocado por Osvaldo, que é o grande jogador do São Paulo. Ou até por Ronaldinho, mantendo Jadson no grupo. Leandro Damião não foi bem nos testes que fez contra Bolívia e Chile, mas, é compreensível sua presença por ser um camisa nove de oficio, para ter um reserva nos mesmos moldes de Fred, uma vez que o artilheiro tricolor se machuca em demasia, assim como Alexandre Pato, que pode ter ficado fora em função de sua parte física. Porém, se seleção é momento, o nome de Jô deveria ser visto com mais carinho por Felipão.

Como se pode ver, somente uns três ou quatro nomes são contestáveis. No mais, Felipão levou mesmo o que há de melhor no futebol brasileiro. Agora é ver o trabalho dentro da competição, com tempo para treinar e corrigir falhas. Aproveitar o último grande teste antes do Mundial é o ponto de partida para se fazer uma grande Copa.



terça-feira, 7 de maio de 2013

Seedorf, o "Chama Taças"

Existem jogadores que nasceram para serem campeões. Por onde passam, vão acumulando canecos e medalhas em suas salas de troféus particulares.

Clarence Seedorf é um desses caras. O holandês, destaque do Botafogo na conquista irretocável do Campeonato Carioca, já deve ter dor no braço de tanto levantar taça ao longo da sua carreira.

São quatro conquistas de UEFA Champions League (cinco, se contabilizar também a taça de 1999/2000, quando Seedorf começou a campanha com o Real Madrid, mas acabou negociado no meio da temporada) por Ajax, Real Madrid e Milan, sendo o único jogador a ganhar a tão cobiçada taça continental por três clubes diferentes.


Dois Mundiais de Clubes, um com Real Madrid e outro com o Milan.

Cinco ligas nacionais, sendo duas holandesas com o Ajax, uma na Espanha com a camisa merengue e outras duas em solo italiano vestindo a “maglia rossonera” do Milan, além de copas nacionais, supercopas e afins em solo europeu.

Casado com uma brasileira, o craque decidiu se aventurar em terras distantes do velho continente, e adivinhem... TAÇA! O camisa 10 do Fogão tem imã pra título, e com o glorioso manto alvinegro não seria diferente.

Foram quinze vitórias, três empates e apenas uma derrota numa impressionante campanha que culminou com o título carioca de maneira antecipada ao Botafogo. Eleito craque do campeonato, Seedorf foi o esteio do time, ditando o ritmo de jogo do time da Estrela Solitária.

Ao fim da decisão da Taça Rio, onde o Botafogo venceu o Fluminense pela vantagem mínima, Seedorf foi perguntado sobre a importância de uma conquista regional em currículo tão cheio de louros. O holandês declarou que “é importante gostar de ganhar”. Alguém tem dúvidas de que ele gosta? Eu não tenho.