sábado, 19 de maio de 2012

Por Dentro da Euro 2012 – Grupo B

Com a Euro 2012 chegando, esse blogueiro, em parceria com o site A Prancheta, preparou um guia especial para que você fique Por Dentro da Euro. Arthur Barcelos e Rafael Andrade analisam os 16 selecionados que disputarão a segunda maior competição de Seleções do planeta, durante os meses de junho e julho na Polônia e Ucrânia.

GRUPO B

HOLANDA (Por Arthur Barcelos)

Presença constante nas fases finais da Euro, a Holanda na maioria das vezes parou no caminho, e sempre em vacilos nos momentos finais - prorrogação e/ou disputa de pênaltis. Em 1976 caiu nas semifinais para a extinta Tchecoslováquia (acabou na terceira colocação, ganhando da também extinta Iugoslávia) sofrendo dois gols na prorrogação. Em 92, caiu nos pênaltis para a campeã Dinamarca, também nas semis. Nas quartas de finais, em 96, caiu para os franceses, nos pênaltis. Em 2000, nas semis novamente, foi a vez de a Itália vitimar os holandeses, vencendo nos pênaltis; e para não perder o ritmo, em 2004 caiu para os anfitriões portugueses nas semis; já em 2008, caiu para a surpreendente Rússia, ainda nas quartas, levando dois gols na prorrogação.

Apesar de toda a tradição na Euro, a Holanda só chegou a glória uma vez, em 88, sob o comando da dupla Gullit e van Basten, num time que ainda tinha nomes como Rijkaard, os irmãos Koeman, Vanenburg, Mühren e o lendário Rinus Michels no banco. É inspirado nesse time que a equipe de Bert van Marwijk espera recolocar a Oranje no lugar mais alto, motivada pelas ótimas campanhas na Copa do Mundo e nas Eliminatórias para a Euro 2012, onde deitaram e rolaram no Grupo E, vencendo 9 partidas em 10, contando com o melhor número de gols marcados, 37 (média de 3,7 gols/jogo), tendo sofrido apenas 8 gols.

Jogos
09/06 – Holanda x Dinamarca
13/06 – Holanda x Alemanha
17/06 – Portugal x Holanda

Time-base

Holanda
Praticamente embaixador do 4-3-3 com o meio-campo em triângulo de base baixa, o selecionado holandês, em busca de maior equilíbrio e ocupação de espaço – marca registrada dos holandeses, que possuem na marcação pressão outra característica –, passou a jogar no esquema tático da década, o 4-2-3-1, mas diferentemente de muitos times, já o utiliza há um bom tempo.

O cara – Wesley Sneijder
Sneijder Após um 2011 para se esquecer – ainda que fosse bem na seleção –, Wes recuperou a boa forma nos últimos meses na Internazionale com Andrea Stramaccioni e, 100% física e tecnicamente, tem tudo para ser tão decisivo quanto foi no Mundial de 2010, seja criando situações de perigo com sua leitura e visão de jogo, ou mesmo marcando gols.
*Menções honrosas: Arjen Robben e Robin van Persie

Olho nele – Klaas-Jan Huntelaar
HUNTELAAR Apesar de ser reserva de um Robin van Persie em grande fase, Huntelaar pode vir a ofuscar o jogador do Arsenal, como fez durante as Eliminatórias. Peça fundamental para van Marwijk, o avante do Schalke – também em fase esplendorosa, conquistando a artilharia da Bundelisga 2011/12, com 29 gols marcados em 32 partidas – foi o “homem-gol” do selecionado holandês, marcando 12 gols em 8 partidas. E se entende muito bem com Sneijder, com quem já jogou em Ajax e Real Madrid.
*Menções honrosas: Dirk Kuyt e Ibrahim Afellay

Ponto forte – Movimentação ofensiva
Como manda o script, os holandeses sempre foram famosos pela intensa troca de posições, numa busca incessante pela ocupação e criação de espaços, o quarteto ofensivo cumpre bem isso.

Ponto fraco – Lado psicológico
A pressão sofrida pelos holandeses é grande, especialmente a fama de serem “amarelões”, como muitos os apelidam, graças a vacilos em momentos importantes. O peso nas costas dos jogadores é grande, e Bert van Marwijk tem a missão de fazer o que não conseguiu em 2010, que é controlar o grupo, e esse último fracasso, em 2010, pode ter sido “bom” para eles, que, mais calejados, poderão superar isso tudo.

DINAMARCA (Por Arthur Barcelos)

Há 12 anos no comando técnico do selecionado dinamarquês, o experiente Morten Olsen tem, talvez, sua última e grande chance de tentar fazer o que os comandados de Richard Moller-Nielsen conseguiram em 1992, conquistando o único título europeu dinamarquês, possivelmente a maior zebra da história da Euro. 20 anos após o triunfo do time que tinha nomes como Schmeichel, Lars Olsen, Povlsen e Brian Laudrup, repetir tal feito (ou mesmo uma colocação boa) é considerado como muito improvável, mediante a falta de um elenco realmente forte e a dificuldade do grupo que os jogadores de Olsen terão de enfrentar, considerado o mais difícil da competição que será disputada em Polônia e Ucrânia.

Mas é possível sonhar com uma zebra, ainda mais pela campanha nas Eliminatórias, onde a Dinamarca passou sem maiores dificuldades num grupo que ainda tinha Portugal e Noruega, bem como a Islândia. Em 8 jogos, foram 6 vitórias, 1 derrota e 1 empate, sendo 15 gols pró e 6 contra, garantindo a primeira colocação.

Jogos
09/06 – Holanda x Dinamarca
13/06 – Dinamarca x Portugal
17/06 – Dinamarca x Alemanha

Time-base

Dinamarca
Mais um time adepto do 4-2-3-1, assim Morten Olsen, em seus 12 anos no comando dinamarquês, tem preferido armar sua seleção. O técnico sempre montou equipes organizadas, complicadas de se enfrentar, mediante a aplicação tática de seus jogadores, bem como na velocidade dos mesmos.

O cara – Dennis Rommedahl
Rommedahl Experiente e veloz, a Dinamarca tem em Rommedahl sua principal arma. O ex-jogador de PSV, Ajax e Olympiakos, atualmente no Brondby, costuma fazer boas jogadas pelo flanco direito, quase sempre com o apoio de Jacobsen e Kvist, com muita intensidade e velocidade. Foi o artilheiro do time nas Eliminatórias, além de ter contribuído com assistências, participando de 46% dos gols dinamarqueses.

Olho nele – Christian Eriksen
Eriksen Jovem e em crescente evolução, Eriksen, do Ajax, é o responsável por organizar o meio-campo, por dar cadência em momentos importantes e distribuir o jogo. Com uma leitura e visão de jogo impressionante para um garoto, Eriksen colaborou com 6 assistências nas Eliminatórias, marcando ainda um gol.
*Menções honrosas: Michael Krohn-Dehli e William Kvist

Ponto forte – Compactação
Como já escrito aqui, o time de Olsen é bem montado, organizado taticamente e com jogadores aplicados, o que permite muita compactação e ocupação de espaços, por isso é um equipe complicada de se enfrentar, o que permite ao torcedor dinamarquês sonhar com vôos mais altos de sua seleção.

Ponto fraco – Improdutividade ofensiva
Compactação, organização, ocupação de espaço, velocidade e... improdutividade ofensiva. Com apenas 15 gols em 8 jogos, a Dinamarca conseguiu se classificar em primeiro lugar, mas com a atual média, será difícil que consiga ser a zebra da Euro 2012. O fato de privilegiar muito a defesa e ser dependente de três ou quatro jogadores também são fatores determinantes para a ausência de gols, bem como na ineficiência de Bendtner, que marcou tímidos 3 gols nas Eliminatórias, pouco, muito pouco, para quem é a “esperança” de gols de um time.

ALEMANHA (Por Rafael Andrade)

A última conquista importante foi no já distante ano de 1996, mas com um plantel sempre muito forte, a seleção germânica já bateu na trave em quatro oportunidades para levantar outros canecos – vice mundial e continental em 2002 e 2008, respectivamente, além de dois terceiros lugares nas Copas do Mundo de 2006 e 2010. E nesse ano não será diferente.

A sempre forte Alemanha chega à competição continental mais uma vez como uma das grandes favoritas a levar a taça. Um grupo jovem e qualificado, dono de campanha irretocável nas Eliminatórias, com 10 vitórias em 10 jogos, 34 gols anotados e apenas sete sofridos.

Jogos
09/06 – Alemanha x Portugal
13/06 – Holanda x Alemanha
17/06 – Dinamarca x Alemanha

Time-base

Alemanha
Joachim Löw aplica na Nationalelf uma das melhores formas de se utilizar o 4-2-3-1, mantendo um estilo de jogo agradável ao torcedor e bem sucedido dentro de campo. Intensa movimentação do quarteto ofensivo, criando espaços no setor defensivo adversário, posse de bola agressiva, participação efetiva dos volantes (Khedira e Schweinsteiger), seja no primeiro passe ou no aproveitamento pelas aberturas devido a movimentação de Özil, que se aproxima do meias extremos (Müller e Podolski) com a posse, em busca de infiltrações na área ou mesmo ir a linha de fundo, além de Klose, que faz o básico, mas com muita competência, como por exemplo, o pivô, ou a saída da área, levando com si os zagueiros, consequentemente abrindo espaços para as entradas dos volantes e meias. A marcação por zona, bem ajustada e compacta gera uma variação para o 4-4-2 em linha, com os extremos se alinhando aos volantes e o meia ofensivo se juntando ao atacante na marcação da saída de bola adversária.

O cara – Bastian Schweinsteiger
Schweinsteiger Um dos mais experientes dentro do jovem grupo de Joachim Löw, Schweinsteiger é o esteio do meio campo germânico. Dono de passe refinado e visão de jogo privilegiada, é do camisa sete a missão de iniciar a maioria das tramas ofensivas alemãs. Com a qualidade na saída de bola que lhe é peculiar, Bastian faz a bola chegar redonda aos pés da trinca de armadores, além de trabalhar bem também sem a posse, reduzindo os espaços e dificultando as ações adversárias.

Olho nele – Marco Reus
Reus Veloz, incisivo, habilidoso e goleador. Esse é Marco Reus, destaque na excelente campanha do Borussia Monchengladbach, quarto colocado da última Bundesliga e com vaga garantida na fase prévia da próxima UEFA Champions League. No entanto, o artilheiro dos Potros com 18 gols não disputará a competição continental pela equipe, uma vez que se transferiu para o atual bi campeão alemão, Borussia Dortmund, clube que o revelou.

Ponto forte – Contragolpes
Com jogadores velozes e de qualidade no passe, os contra ataques são armas mortais para os rivais da Alemanha. A estratégia é simples: deixar a posse de bola com o oponente, reduzindo os espaços para não correr riscos e buscando a retomada para sair em velocidade, pegando a defesa adversária exposta. Durante a Copa do Mundo em 2010, Inglaterra e Argentina provaram desse veneno e saíram de campo com sonoras goleadas por 4x1 e 4x0, respectivamente.

Ponto fraco – Inexperiência
O grupo é ótimo, com jogadores de muita qualidade em todos os setores. A questão é: Esse grupo está pronto para tirar a Alemanha da fila? Está maduro o suficiente para agüentar a pressão de jogos duros que a Nationalelf irá encarar para poder faturar o título? A média de 25 anos é baixa, e jogadores como Klose, Schweinsteiger e o capitão Phillip Lahm terão a missão de dar a jovens como Müller, Reus, Götze, Kroos entre outros a tranqüilidade para que possam desempenhar seu futebol com a mesma maestria que apresentam em seus clubes.

PORTUGAL (Por Rafael Andrade)

O vice-campeonato de 2004, dentro de casa e diante de uma Grécia inferior tecnicamente, ainda está entalado nas gargantas portuguesas, que apostam todas as suas fichas no talento de Cristiano Ronaldo para enfim soltarem o grito de campeão, pela primeira vez em sua história. Mas será preciso bem mais do que o craque madridista para o sucesso da seleção lusa. Nomes como Nani, Fábio Coentrão e Hugo Almeida também terão que aparecer caso queiram passar pelo temido “Grupo da Morte”, onde enfrentarão potencias como Alemanha e Holanda, além da perigosa Dinamarca.

Dinamarca essa que desbancou os próprios portugueses nas Eliminatórias para a Euro. Na ocasião, as duas seleções integraram o mesmo grupo, com os escandinavos passando em primeiro e mandando Portugal à repescagem, depois de uma campanha irregular com cinco vitórias, um empate e duas derrotas, com 21 gols pró e 12 sofridos na primeira fase. No confronto direto contra a Bósnia-Herzegovina, um empate fora e uma goleada por 6 tentos a 2 no Estádio da Luz asseguraram a vaga lusitana.

Jogos
09/06 – Alemanha x Portugal
13/06 – Dinamarca x Portugal
17/06 – Portugal x Holanda

Time-base

Portugal
Com dois extremos de muita velocidade e habilidade, Paulo Bento armou um 4-3-3 que dá total liberdade a Cristiano Ronaldo e Nani, para que esses possam desequilibrar. Pela direita, o camisa dezessete parte buscando o fundo ou a penetração na área, enquanto do outro lado, o ex-melhor do mundo busca a infiltração em diagonal, trazendo para o pé direito para finalizar e abrindo o corredor para as ultrapassagens de Coentrão. No meio, três homens que sabem combater e sair pro jogo garantem o equilíbrio da equipe, que conta ainda com uma segura dupla de zaga.

O cara – Cristiano Ronaldo
CR7 Indiscutivelmente o melhor jogador europeu em atividade, Cristiano é daqueles jogadores completos. Finaliza bem na curta, na média e até mesmo na longa distância com qualquer uma das pernas, cobra faltas e pênaltis com precisão, cabecea bem, é forte, rápido, driblador e goleador. Só nesta temporada, foram 60 gols em 55 jogos com a camisa merengue, uma média de 1,09 por peleja – no total, são 144 tentos em 142 aparições pelo Real Madrid. Capitão e líder da Seleção das Quinas, Ronaldo figura entre os maiores jogadores portugueses de todos os tempos, ao lado de Eusébio e Figo.

Olho nele – Nelson Oliveira
Nelson Oliveira Destaque do último Mundial sub-20 com quatro gols e duas assistências na campanha do vice-campeonato português, Nelson Oliveira é um centroavante de muito valor apesar da pouca idade. Alto e forte, faz bem o papel de pivô, escorando a jogada para quem vem de trás, além de saber finalizar bem com ambas as pernas. Pretendido por times como Porto, Chelsea e Barcelona, o “Cantona Português” – como é conhecido – optou pelo coração e ficou no Benfica, aonde vem ganhando cada vez mais espaço.

Ponto forte – Lado Esquerdo
É pelo lado esquerdo que saem as principais tramas ofensivas da seleção portuguesa. Seja dos perigosos pés de Cristiano Ronaldo, que pode cortar para dentro e finalizar ou até mesmo servir com maestria um de seus companheiros, ou nas ultrapassagens de Fábio Coentrão, indo ao fundo e centrando com qualidade.

Ponto fraco – Inconstância
Apesar de contar com um jogador fora de série como Cristiano Ronaldo e outros bons valores em seu grupo, a seleção portuguesa não passa confiança. Isso se explica por atuações excepcionais como a goleada por 4 a 0 sobre a campeã européia e mundial Espanha e por aparições patéticas como o empate com a fraca seleção do Chipre dentro de casa. Essa insegurança é um problema que o treinador Paulo Bento tem para resolver até a Euro.

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