segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Corinthians 2-2 Palmeiras - A falta e a sobra de vontade


De um lado, o Corinthians, atual campeão sul americano e mundial, com time pronto e entrosado, uma vez que manteve o elenco que conquistou o torneio da FIFA em dezembro, além de ter contratado reforços de peso. Do outro, o Palmeiras, se reajustando do zero após o trágico rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Sem dinheiro para grandes investimentos, o alviverde aposta em contratações de ocasião, negócios baratos a fim de montar um plantel decente para a disputa da segunda divisão nacional.

Nesse cenário, era natural apontar o time do Parque São Jorge como claro favorito a vitória no dérbi paulista desse domingo – que pode ser o único do ano caso as duas equipes não se encontrem em play-off’s de Libertadores, Copa do Brasil e Paulistão.

E a tônica do jogo foi essa, pelo menos em seu início. Corinthians superior, dominando as ações da peleja e pressionando até marcar com Emerson, aproveitando jogada ensaiada em cobrança de falta de Fábio Santos e escorada por Paulo André. Antes do tento que abriu o placar, foram chances claras com Jorge Henrique acertando o travessão e Paulinho cabeceando na rede pelo lado de fora. E mesmo depois, quando Guerrero desperdiçou oportunidade incrível de ampliar ao bater na trave após falha de Fernando Prass.

No entanto, o gol relaxou os alvinegros, que tiraram o pé e viram seu rival crescer na partida. Gilson Kleina acertou o time taticamente, postado numa espécie de 4-2-4-0, com Souza e Wesley alinhados com os atacantes Vinicius e Patrick Vieira, abertos pelos lados. A linha de quatro passou a avançar a marcação, pressionando laterais e volantes corintianos, forçando o adversário a começar o jogo pelos seus zagueiros.

Formações Iniciais: Corinthians no seu já tradicional 4-2-3-1; Palmeiras ajustado num 4-2-4-0, que tinha na linha de quatro do meio sua força, marcando na frente e pressionando a defesa alvinegra.

Resultado: inúmeras bolas quebradas e facilmente recuperadas pelo Palestra. Assim, o jogo equilibrou e o Palmeiras passou a levar perigo à meta de Cássio. Wesley era o mais participativo jogador verde, embora tenha errado em diversas ocasiões, finalizando quando a melhor opção era passar. Quando passou, centro perfeito para a chegada de Vilson, que apareceu como elemento surpresa na área para testar e igualar o marcador.

A segunda etapa começou como terminou a primeira. Palmeiras melhor, igualando a superioridade técnica do adversário na base da vontade, e assim, não demorou a virar o placar. Com apenas oito minutos de jogo, novamente Wesley cruzando, e dessa vez contando com falha incrível de Cássio, que saiu sem achar nada e viu a bola achar a cabeça de Vinicius, que só escorou para o gol vazio.

A exemplo da rodada anterior, quando o Corinthians também havia levado a virada do São Caetano e se lançou ao ataque na busca pelo empate, Tite repetiu a dose e abriu mão de sua defesa. Trocou Alessandro por Romarinho, recuando Jorge Henrique para a lateral direita. Pouco depois, sacou Danilo e Guerrero para as entradas de Renato Augusto e Alexandre Pato, dando maior mobilidade e velocidade ao seu ataque, além de ganhar um fôlego novo para agüentar o ritmo imposto pela equipe alviverde.

Após as mudanças, o time alvinegro voltou a crescer e dominar a partida. Romarinho, carrasco palmeirense nos dois jogos entre os clubes no Brasileirão passado, entrou cheio de confiança. Arriscando, partindo pra cima dos zagueiros e criando chances. Numa delas, bateu forte para boa defesa de Fernando Prass.

Na segunda chance que teve, porém, o camisa 31 não perdoou. Dominou na entrada da área e chapou no canto esquerdo do goleiro palmeirense para empatar novamente o clássico. Destaque da jogada para Alexandre Pato. O atacante recebeu chutão na reposição do goleiro Cássio e dominou com uma categoria ímpar, para tabelar com Paulinho e servir Romarinho.

O time de Tite seguiu pressionando na busca da virada e da vitória. Por pouco não veio na bicicleta espetacular de Paulinho, que passou raspando o poste direito de Prass.

Na preparação para a estréia na Libertadores, o clássico foi o primeiro teste verdadeiro para o time de Tite. E serviu para expor o que já estava evidente mesmo em jogos contra equipes menores. A defesa alvinegra, ponto forte do vitorioso time de 2012, vem sendo o ponto fraco em 2013. Se quiser defender os títulos conquistados, cabe ao treinador corinthiano ajustar sua retaguarda para recuperar a solidez do ano anterior.

Para o Palmeiras, se não dá para considerar o empate uma “vitória”, dá sim para considerar como um excelente resultado. Resultado que prova que dá sim para enfrentar qualquer adversário de igual para igual, desde que se sobreponha na base da aplicação tática, e principalmente, na base da valentia, do suor. Assim o time alviverde conseguiu esse um ponto diante de seu maior rival. Assim o time alviverde conseguiu dar ao seu torcedor um alento de que com alguns ajustes, dá para sonhar com dias melhores.

No fim da partida, Corinthians no mesmo 4-2-3-1, mas agora com maior mobilidade na frente, e Palmeiras entrincheirado num 4-3-2-1.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Real Madrid 1-1 Manchester United – Show de De Gea e vaga indefinida

A intensidade proposta pelo Real Madrid de José Mourinho no começo do duelo contra o Manchester United impressionou. Marcação adiantada, encurralando os visitantes em seu próprio campo e um volume de jogo avassalador.

Diante de um cenário totalmente contrário, contra uma torcida inquieta no Santiago Bernabéu e um adversário qualificado e motivado, Alex Ferguson adotou postura cautelosa, apesar dos de um quarteto de frente passar uma falsa impressão ofensivista.

Wayne Rooney virou assistente de lateral, voltando no combate a Fábio Coentrão e auxiliando o nervoso Rafael no cerco a Cristiano Ronaldo. No lado oposto, o sempre agressivo Evra, ficou plantado junto à linha de quatro defensiva, e também contando com a volta de um homem de frente, hora Welbeck, hora Van Persie, que por diversas vezes caiu pelo lado do campo. Erro crasso do treinador inglês afastando da área adversária o seu mais letal jogador.

Madrid-UnitedMadrid no mesmo 4-2-3-1 de sempre, porém, com marcação adiantada que encurralou o United, que abriu mão de seu 4-4-1-1 para também atuar em 4-2-3-1.

Ao contrário do que possa se imaginar, o time mandante não sentiu o gol sofrido aos 20 da primeira etapa, quando controlava totalmente as ações do jogo e se viu surpreendido por cabeçada certeira de Welbeck em escanteio cobrado por Rooney.

O ímpeto merengue seguiu, e na pressão o time chegou ao gol de empate apenas dez minutos depois do revés, quando pela primeira vez na partida os pontas inverteram o lado, e pelo flanco esquerdo, Di Maria centrou para Cristiano Ronaldo vir da direita, aparecer às costas de Evra e numa subida impressionante testar sem chance para De Gea. Foi o gol de número 183 do craque português em 180 jogos com a camisa branca.

Na volta do intervalo, o time de José Mourinho seguiu a mesma estratégia dos 45 minutos iniciais: pressão no campo de ataque, sufocando os defensores vermelhos. Khedira se adiantou e se juntou à linha de três armadores, saindo assim do 4-2-3-1 para um 4-1-4-1. E foi justamente dos pés do alemão que saiu o mais perigoso lance madridista na segunda etapa, quando o camisa 6 desceu pela direita e cruzou para Coentrão chegar completando do outro lado. Num reflexo absurdo, De Gea utilizou o pé direito para operar um milagre no Bernabéu e evitar a virada merengue.

Quando Ferguson trocou o inoperante Kagawa e o esforçado, porém limitado Welbeck, por Giggs e Valencia, os dois “sangue novos” foram atuar nas beiradas do gramado, e Rooney e Van Persie voltaram às suas funções originais. O camisa 10 como um quinto homem de meio campo, flutuando nas costas dos volantes adversários, e o 20 enfiado entre os zagueiros.

Assim, surgiu a chance de ouro para que os Red Devils levassem para o jogo da volta em Old Trafford um resultado ainda melhor, quando Rooney descolou passe preciso para Van Persie entrar pela direita e soltar um petardo que Diego Lopez desviou para o travessão. Na sequência do lance, o holandês recebeu novamente sozinho, dessa vez no meio da área e pressionado por Diego Lopez, bateu mascado na bola. Ainda assim, ela encobriu o goleiro e só não entrou porque Xabi Alonso apareceu para salvar em cima da linha.

Diante de um De Gea inspirado, o Real seguiu sufocando, mas não conseguiu alterar o marcador, mesmo com 28 arremates contra o gol vermelho, sendo 14 na direção da meta – do outro lado, foram 13 finalizações inglesas, sendo nove no alvo.

Diante das circunstâncias encontradas em gramados espanhóis, o empate com gol fora de casa acaba sendo um resultado excepcional para os Diabos Vermelhos, que agora precisam apenas de um empate sem gols para avançar na principal competição de clubes do planeta, o que gera um dilema a Sir Alex Ferguson para o duelo da volta: sair pro jogo tentando definir o confronto e se expor aos mortais contragolpes merengues, ou, se trancar e contar com nova jornada impecável de De Gea para tentar garantir o zero no placar?