domingo, 21 de outubro de 2012

Brasil e Argentina: Os subestimados ganham uma cara e mostram seu valor

Na última Copa América, disputada na Argentina em 2011, menos de 24 horas separaram as eliminações de Argentina e Brasil, perante Uruguai e Paraguai, respectivamente. Ali, muitos ousaram afirmar que as duas grandes potências do futebol sul-americano estavam decadentes e caminhavam rumo a um vexame no Mundial de 2014.

Pouco mais de um ano se passou e hoje a situação é bem diferente.

Mano Menezes foi mantido no cargo após a queda na competição continental, e principalmente, após o fracasso nos Jogos Olímpicos. E foi a partir dos jogos que o treinador brasileiro começou a repensar na forma de jogar de sua equipe.

Sim, concordo que os adversários não foram lá grandes coisas – embora o Japão, que venceu a França alguns dias antes, tenha seu valor. Mas a maneira como o time se portou em seus últimos amistosos foi sim animadora.

Mano mantém o seu sistema tático preferido na formação do time titular, o 4-2-3-1, no entanto, abriu mão de um pivô no comando do ataque, da referência ofensiva que geralmente as equipes adeptas a tal esquema utilizam.

E assim, sem essa figura na frente, a seleção brasileira fez dois bons jogos, diante de Iraque e Japão.

Contra a equipe comandada por Zico, Mano ainda pôde contar com Marcelo na lateral esquerda, e sem Daniel Alves, utilizou Adriano do outro lado, com a dupla de zaga considerada pelo treinador como ideal completando a linha de quatro defensores – diante da seleção nipônica, sem o lateral do Real Madrid, o treinador teve que improvisar Leandro Castan na beirada esquerda, e funcionou muito bem, defensivamente.

À frente, uma dupla de volantes leves e de boa chegada no campo de ataque, com Paulinho e Ramires. E a boa chegada rendeu frutos, já que o volante corintiano foi o responsável pelo gol que abriu caminho para a goleada diante do Japão, e Ramires teve um gol mal anulado no mesmo confronto. Porém, embora tenham mostrado eficiência nos dois amistosos, ainda tenho certo pé atrás com a dupla formada por dois homens de maior volume ofensivo que defensivo, e gostaria de ver a dupla ser testada contra um adversário mais forte, que pode ser já no próximo amistoso, contra a perigosa seleção colombiana, no próximo dia 15 de novembro.

Mas foi o quarteto ofensivo quem mais animou – bem, eu pelo menos me animei. A volta de Kaká dá ao time o toque de experiência que faltava, isso pra não falar na qualidade do camisa 8, tanto no toque de bola quanto nas boas e velhas arrancadas com as quais todos estamos acostumados.

O meia madridista foi escalado no flanco esquerdo da linha de três armadores, com Oscar articulando pela faixa central e Hulk no lado oposto, porém, a movimentação constante e as transições em velocidade, faziam com que ninguém guardasse posição, nem mesmo o “centroavante” Neymar, escalado como a referência ofensiva, mas que sai abrindo espaço para quem vem de trás, como nos dois gols de Oscar diante do Iraque, ou na chegada de Paulinho contra o Japão, que desperdiçou a oportunidade de fazer seu segundo no jogo menos de cinco minutos após abrir o marcador.

Só quem ainda está meio fora de órbita nesse quadrado – que se não chega a ser mágico, tem lá seus truques – é Hulk. O atacante do Zenit parece meio perdido com a velocidade dos passes e da movimentação dos outros três homens. Particularmente, ainda gostaria muito de ver Lucas como titular ao lado do trio.

De mais a mais, Mano Menezes parece enfim estar encontrando o seu time ideal, que ainda carece de alguns ajustes, é verdade, mas já ganha uma cara e dá sinais que será um anfitrião duro no Mundial que se aproxima.

BrasilSeleção que goleou o Japão: O mesmo 4-2-3-1 de sempre, Castan improvisado na lateral esquerda e Adriano na direita, ocupando as vagas dos incontestáveis Marcelo e Daniel Alves. Na frente, movimentação e velocidade caracterizam o quarteto, que vira quinteto ou sexteto de acordo com as subidas da ofensiva dupla de volantes.

Assim como a Argentina, que não é anfitriã, mas também dá indícios de que chegará muito forte à Copa do Mundo.

Ao contrário de Mano Menezes, o ex-treinador da Argentina, Sergio Batista, não resistiu à queda na Copa América e assim cedeu o cargo de comandante do selecionado albiceleste ao atual treinador Alejandro Sabella.

Sob o comando de Sabella, a Argentina lidera com campanha impecável as Eliminatórias Sul-Americanas para o Mundial de 2014. São 20 pontos conquistados em seis vitórias, dois empates e apenas uma derrota, diante da Venezuela, quarta colocada no qualificatório. Além disso, o técnico tem dois amistosos comandando a seleção, ambos contra o Brasil. No primeiro, vitória por 4 a 3. No segundo, o tal “Superclássico das Américas”, contando apenas com jogadores que atuem nos dois países, vitória brasileira por dois tentos a um, em Goiânia.

Mas o principal trunfo do treinador não está nos resultados, e sim, na mudança da postura da equipe, que passou a jogar em torno de Lionel Messi, e assim, fez crescer o futebol do melhor jogador do mundo com a camisa da seleção.

Com Sabella, Messi evoluiu e passou a render próximo do que rende no Barcelona e principalmente, ser decisivo. “La Pulga” é o artilheiro da seleção na “Era Sabella”, com 10 gols, sendo 7 pelas Eliminatórias e mais três marcados contra o Brasil, no amistoso vencido pelos hermanos.

Isso acontece porque Sabella encontrou, enfim, uma forma de posicionar o baixinho de maneira parecida com a que Messi atua no Barça. Um 4-3-1-2/4-3-3, onde o craque alterna as funções de enganche e centroavante, ambas com maestria, como no primeiro gol por ele anotado na vitória por 3 a 0 sobre o Uruguai, onde Messi, como um camisa 10, lançou Di Maria e em seguida, apareceu na área, como um legitimo camisa 9, para concluir o cruzamento do meia madridista. Meia e centroavante na mesma jogada. Arco e flecha.

ArgentinaO time que encarou o Uruguai: 4-3-1-2 que alterna para 4-3-3, de acordo com a movimentação de Messi.

E assim, guindada pelo crescimento do futebol de sua estrela maior, a Argentina mostra seu valor, e a exemplo do Brasil, também dá sinais de que não virá ao Mundial a passeio.

messi-neymar

Neymar e Messi, estrelas maiores de duas seleções ascendentes.

2 comentários:

  1. Excelente análise. Na sua visão, se o treinador da seleção resolvesse utilizar um centro avante de ofício (Luis Fabiano ou Fred, minhas preferências), qual a configuração ideal para a linha de três meias? Neymar voltaria para a esquerda e deslocaria o Kaká para a direita, ou simplesmente Neymar na direita?

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  2. Neymar do lado esquerdo. E aí como o Oscar se sai melhor que o Kaká jogando pelo lado, deslocaria ele para a direita e deixava o Kaká por dentro, mas se movimentando e invertendo o posicionamento constantemente.

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