sexta-feira, 21 de setembro de 2012

AS ESTRÉIAS DE REAL MADRID E BARCELONA NA CHAMPIONS LEAGUE

Enfim, a bola rolou para o maior interclubes do planeta, a UEFA Champions League. E o que chamou a atenção foram as estréias dos dois gigantes espanhóis, Real Madrid e Barcelona, apontados por quase todos como grandes favoritos à conquista continental, mas que passaram por grandes dificuldades em seus debutes no torneio.

Abaixo, analise das partidas e como José Mourinho e Tito Vilanova precisaram mexer para buscarem as viradas e garantirem as vitórias de seus times.

No Santiago Bernabéu...

...Existia a expectativa pelo melhor jogo da primeira fase da competição, entre duas equipes que provavelmente irão longe. E, de fato, o que vimos no estádio merengue, foi um jogão.

José Mourinho surpreendeu em sua escalação inicial, barrando Sergio Ramos para a entrada de Varane no miolo de zaga e lançando Essien na vaga de Ozil na meia cancha, deixando de lado o 4-2-3-1 de sempre para atuar em um legitimo 4-3-3. Roberto Mancini não deixou por menos, e escalou o jovem Nastasic na zaga, deixando o experiente Lescott no banco.

Madrid - City 01Formações Iniciais: Com a entrada de Essien, Madrid abre mão do 4-2-3-1 habitual e atua num 4-3-3, adiantado, que encurrala as retraídas linhas citizens.

Logo de inicio, o Real fez valer o fator casa, tomou as rédeas da partida e só não abriu o placar antes dos dez minutos de peleja graças a dois milagres de Joe Hart em conclusões de Cristiano Ronaldo. Pelo lado direito, Di Maria fazia um jogo intenso, infernizando o lateral Gael Clichy, que não encontrava o ponta argentino.

Quando Samir Nasri se lesionou no fim da etapa inicial, Mancini viu a oportunidade de ouro para reforçar sua retaguarda, trocando o francês por Kolarov, que foi atuar no lado esquerdo, dobrando a marcação em cima de Di Maria e tentando assim conter o ímpeto madridista, que terminou o primeiro tempo com 74% de posse de bola e incontáveis arremates à meta inglesa.

Na volta do intervalo, com uma postura ainda mais fechada, em uma espécie de 3-5-1-1, o City conseguiu acertar seu sistema defensivo, e apesar do controle de bola merengue, sofria poucos sustos. Bem postado, o time britânico dava toda pinta de que precisava de uma bola para ganhar o jogo. E ela apareceu aos 25’, quando Yayá Touré arrancou de seu campo de defesa em contragolpe e passou para Dzeko, que acabara de entrar, tocar na saída de Casillas e abrir o placar.

O treinador merengue, que a esta altura já havia trocado Essien por Ozil, fez outras duas mudanças e lançou o time de vez ao ataque, sacando Khedira e Higuain para as entradas de Modric e Benzema, ganhando maior criatividade no meio com o croata e mobilidade na referência com o francês. Não demorou e as mudanças fizeram efeito, quando Di Maria achou Marcelo completamente livre na entrada da área, o brasileiro cortou, bateu de direita de fora da área e contou com leve desvio em Javi Garcia para bater o goleiro Joe Hart e empatar a peleja.

Madrid - City 02Na etapa final, buscando a virada, José Mourinho se lançou de vez ao ataque com Modric e Ozil no meio. City ainda mais recuado, numa espécie de 3-5-1-1.

Quando o relógio já marcava 40 da etapa final, Kolarov cobrou falta despretensiosa da intermediaria e viu a bola fraca ir morrer direto no fundo das redes, recolocando o City na frente. Mal deu tempo de comemorar, pois não demorou e o Real Madrid empatou novamente, com Benzema, que recebeu de Di Maria na entrada da área, girou fácil pra cima do novato Nastasic e bateu no cantinho de Hart.

Apesar de o empate ainda estar de bom tamanho para os visitantes, em função da grandeza do adversário e do domínio que sofreu, o gol de empate apenas dois minutos depois de fazer dois a um foi um duro golpe. E assim, no embalo da torcida e na base do abafa, o time da casa ainda chegou ao tento da vitória, com Cristiano Ronaldo, que já havia tentado outras nove vezes e em algumas parou em Hart, dessa vez contou com falha do goleiro inglês para virar o marcador a exatos 45 do segundo tempo e assegurar os primeiros três pontos ao Madrid.

Sem dúvidas, um belo cartão de visitas do time de José Mourinho, numa demonstração de força e garra impressionantes. O treinador, por sinal, acabou como o destaque do jogo, não por sua escalação ou suas mexidas, mas pela comemoração épica no gol de seu compatriota que deu números finais a partida.

No Camp Nou...

...Se imaginava uma estréia bem mais tranqüila ao Barcelona, e quem sabe, até uma goleada com direito a novo espetáculo proporcionado pelo time catalão.

Não foi o que aconteceu. Com uma postura tática perfeita, o Spartak plantou suas linhas defensivas dentro de seu campo, congestionando a entrada de sua área e impedindo as penetrações culés. Rafael Carioca, o cabeça-de-área no 4-1-4-1 de Unai Emery, recuava, se juntando aos zagueiros e formando uma primeira linha de cinco homens, com uma de quatro logo à frente, que assistia e cercava a troca de passes do Barça, que não conseguia incomodar a meta de Dykan.

Barça-Spartak 01Barça no 4-3-3 de sempre, com Messi na referência. Spartak num 4-1-4-1, que variava pra um 5-4-1 com o recuo de Rafael Carioca.

Isso até aparecer a jogada individual do melhor jogador da partida, o jovem Cristian Tello. Enquanto Xavi, Fabregas e até mesmo Messi estavam apagados, o camisa 37 recebeu na ponta esquerda, cortou pra dentro e acertou um belíssimo chute para abrir o placar em favor dos donos da casa.

O gol não fez mudar o modo como o Spartak se postava. Continuou com suas linhas retraídas, apostando na velocidade de seus jogadores ofensivos para num contragolpe empatar. Foi o que aconteceu, quando McGeady descolou lançamento para Emenike pela direita, o nigeriano foi até a linha de fundo e cruzou rasante para a área. A bola ia passando, até Daniel Alves tentar cortar e tocar pro fundo do próprio gol.

A etapa final seguiu no mesmo ritmo da inicial. Barça controlando a posse, até tentando o segundo gol, mas esbarrando na solidez russa. Quando conseguiu furar a defesa vermelha, Daniel Alves até marcou, mas a arbitragem pegou correto impedimento.

Até que aos 14’, o que já era drama para os mais de 90 mil presentes, virou pesadelo. Após cobrança de escanteio do Barcelona, a defesa tirou a bola que foi parar nos pés de Ari, que saiu em velocidade e passou para McGeady. O irlandês acionou Rômulo entrando pela direita, o brasileiro fintou Adriano e tocou na saída de Valdes para virar o jogo.

Perdendo em casa logo em sua estréia pela Champions League, Tito Vilanova partiu para o tudo ou nada pra cima dos russos. Trocou Daniel Alves por Alexis Sanchez, reconfigurou o time num 3-4-3 ultra-ofensivo e foi pra pressão.

Barça 02Nos minutos finais, ataque total para buscar a virada. Um 3-4-3, com Messi jogando atrás do pivô, mas aparecendo para concluir como centroavante nos dois gols que definiram a partida.

Foi aí que dois jogadores apareceram para decidir em favor dos blaugranas. O primeiro foi Tello, de novo. Após cruzamento errado de Pedro que atravessou toda a área, o jovem recuperou a bola no lado esquerdo, entortou McGeady e rolou para Messi – que vinha mal no jogo até então – concluir para o gol vazio.

O sufoco barcelonista continuou até o gol da virada, que saiu da maneira menos Barcelona possível, numa seqüência de bolas alçadas na área. Primeiro foi Villa (que entrara minutos antes no lugar de Tello) quem cruzou, a bola foi parar nos pés de Pedro na direita, novo levantamento, que dessa vez veio parar com Alexis do lado oposto, de onde saiu nova elevação na área, para enfim, encontrar a cabeça de Messi, que como um legítimo camisa 9, se antecipou ao zagueiro, testou para a rede e virou o jogo.

A virada a dez minutos do fim sucumbiu o time do Spartak, que não demonstrou mais nenhuma força para reagir e tentar a nova igualdade e o placar seguiu inalterado até o apito final.

Mesmo em noite pouco inspirada, é Messi quem aparece para resolver no Barcelona. Artilheiro das últimas quatro edições de Champions League, agora o argentino já soma 53 gols na competição e é o quarto maior artilheiro de todos os tempos, atrás apenas de Raúl (71 tentos), Van Nistelrooy (60) e Shevchenko (59).

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