segunda-feira, 28 de março de 2011

Pinceladas nas Seleções

Durante o fim de semana, esse que vos escreve teve a oportunidade de conferir algumas das principais seleções do planeta em campo, sejam em amistosos (casos de Brasil e Argentina), seja pelas Eliminatórias da Eurocopa (casos de Espanha, Inglaterra e Alemanha), e fazer analises sobre as mudanças que essas cinco potencias do futebol sofreram desde o mundial na África do Sul.

ESPANHA

Começando pela campeã mundial, que recebeu a República Tcheca no Nuevo Los Cármenes, em Granada e passou por duras penas para conseguir a vitória e a sustentação dos 100% de aproveitamento no Grupo I das Eliminatórias para a Euro.

EspanhaO mesmo 4-2-3-1 do Mundial, mas sem Pedro na direita; com Navas, time perde em força ofensiva e presença de área.

Foram apenas duas mudanças com relação ao time que bateu a Holanda na decisão em Johanesburgo, ambas por lesão. Puyol, substituído por Arbeloa, que entrou na lateral direita deslocando Sergio Ramos para a quarta zaga e Pedro, que cedeu lugar a Jesus Navas na ponta direita do 4-2-3-1 de Del Bosque.

Apesar da manutenção da principal característica espanhola, a posse da bola em demasia, trabalhando a criança em toques rápidos e curtos até a área adversária, a ausência de Pedro foi extremamente sentida pela seleção vermelha.

Além do entrosamento natural com os outros dois meias, Pedro dá ainda, mais opção para a Fúria, seja encostando em Villa para uma possível triangulação, seja nas penetrações em diagonal (dando opção para os ótimos lançamentos de Xavi), jogada costumeiramente vista no Barcelona. Jesus Navas dá profundidade ao time, mas não tem o poder de fogo da jovem promessa blaugrana, com isso, o time perde em opção, deixando apenas para o camisa sete a missão de arrematar, que ele cumpriu com a eficiência que lhe é peculiar, anotando os dois tentos que garantiram os três pontos – o gol da Republica Tcheca foi feito por Plasil.

INGLATERRA

O English Team foi ao Millenium Stadium, em Cardiff, encarar a seleção de País de Gales e fez mudanças significativas na equipe, a começar pela formação tática.

England No 4-1-4-1 de Capello, Bent isolado e contando com as boas aproximações dos wingers. Destaque para a dupla “box-to-box” Wilshere e Lampard.

O tradicional 4-4-2 ortodoxo foi substituído por um 4-1-4-1 ousado e veloz, tendo Rooney e Young como wingers, e Darren Bent como pivô, mas o destaque da partida fica por conta do trio de meias.

A começar por Scott Parker, que fez ótima partida à frente da defesa. Mais avançados, Wilshere e Lampard se entenderam muito bem e foram os destaques da equipe, tanto na retomada da pelota, quanto na distribuição da criança, girando bem em busca de espaços. Há de se levar em conta a fragilidade da seleção galesa, mas não se pode desconsiderar a excelente atuação do trio que dá uma boa dor de cabeça para Capello.

Onde encaixar Gerrard no time quando esse estiver disponível? Eu recuaria Wilshere para a função de cabeça de área e escalaria o meia do Liverpool no lugar de Parker.

ALEMANHA

Em Kaiserslautern, a seleção que encantou o planeta na Copa do Mundo recebeu a fraquíssima seleção do Cazaquistão e bateu com facilidade por quatro tentos a zero, com dois gols de Muller e dois do infindável artilheiro Klose.

Germany Praticamente o mesmo time  utilizado no Mundial; muito dependente dos contragolpes.

Joachim Löw manteve o mesmo 4-2-3-1 da terceira colocação na África, com apenas duas mudanças. Na quarta zaga, Badstuber assumiu a posição de Friedrich e na lateral esquerda, Aogo herdou a camisa de Jérôme Boateng.

Apesar da fraqueza do adversário, que não impunha nenhum tipo de risco aos alemães, ficou evidente a dificuldade da seleção germânica em ter a responsabilidade do jogo. No mundial, a estratégia era clara: deixar a posse de bola com o oponente e sair em contra ataques quase sempre letais. Foi assim que os alemães golearam Inglaterra e Argentina. Como a equipe cazaque não saia de seu campo de defesa – até pela baixa qualidade técnica, a alternativa alemã foi a bola parada, origem de três dos quatro gols.

ARGENTINA

Ficou muito clara a estratégia de Sérgio Batista: tentar “trazer” o Barcelona para a seleção albiceleste.

Argentina O 4-3-3 de Batista com Messi atuando como um falso 9: Qualquer semelhança com o Barcelona não é mera coincidência.

Em busca do perfeito desempenho do melhor jogador do mundo com a camisa da seleção, o treinador argentino tenta reproduzir o esquema de jogo ao qual Messi está mais que acostumado. O 4-3-3 com o camisa 10 atuando como um falso 9, flutuando no espaço entre a zaga e os volantes adversários.

Do meio pra frente, a cópia funcionou muito bem, com boas subidas de Cambiasso e Banega e a aproximação de Di Maria e Lavezzi, a Argentina com boas triangulações produziu diversas oportunidades e fez de Howard o homem do jogo.

O que Batista parece ter esquecido é da forma como o time catalão se defende. Se defender mantendo a bola nos pés é algo visto apenas na equipe de Guardiola, e é algo inimaginável para uma seleção devido à falta de tempo para um entrosamento perfeito que permitiria tal estilo de atuação.

Particularmente, gostaria de ver Tevez ou Kun Agüero como um dos wingers no lugar de Lavezzi, acredito que possa dar mais qualidade à trinca ofensiva argentina, mas Batista deve concentrar suas preocupações sobre o seu frágil setor defensivo – que apesar de ainda ser fraco, evoluiu muito com relação à Copa.

BRASIL

Jogando “em casa” no Emirates Stadium, a seleção brasileira não encontrou grandes dificuldades para superar a frágil Escócia.

Brasil O posicionamento de Elano e Jadson foi o grande problema na seleção perante à fraca Escócia. Esperança na volta do maestro Ganso.

Utilizando o mesmo 4-2-3-1 que já vinha utilizando, Mano Menezes resolveu trazer de volta alguns jogadores que se salvaram na campanha na África do Sul como Lúcio e Elano. Ao contrário do que eu imaginava, o santista atuou como enganche enquanto Jadson ocupou a faixa direita do meio campo.

Em minha opinião, um equivoco do treinador canarinho, que poderia ter invertido o posicionamento da dupla, colocando ambos para fazerem as mesmas funções que já fazem em seus clubes. Esse posicionamento deixou os dois meias perdidos em campo e dificultou a criação de jogadas.

Essa criação só foi surgir quando Neymar deixou a ponta esquerda do campo e passou a flutuar desse setor para a faixa central, jogando mais próximo do gol. Esse deslocamento do camisa 11 abriu o corredor para a descida de André Santos (que aproveitou muito bem a oportunidade dada com a lesão de Marcelo) e o lateral pôde fazer o passe para a jóia santista abrir o marcador – ampliou na etapa final em cobrança de pênalti.

A expectativa pelas voltas de Ganso e Pato (apesar da boa participação de Leandro Damião) e a boa entrada de Lucas nos trazem uma esperança de ver uma seleção não apenas sólida defensivamente, mas ágil e letal ofensivamente, como estamos (mal) acostumados.

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