terça-feira, 24 de abril de 2012

Festa Campineira

Depois de longos quatro meses de futebol “xoxo”, sem grande desinteresse por parte de público e mídia, enfim os estaduais entraram nas suas fases finais, e com isso, ganharam atenção. Especialmente no Paulistão, onde duas gratas surpresas aconteceram nos duelos entre times da capital vs times de Campinas, com os times do interior do estado derrubando os gigantes Corinthians e Palmeiras, ambos pelo placar de três tentos a dois.

CORINTHIANS 2-3 PONTE PRETA

No Pacaembu, chuvoso e de público apenas razoável, a Ponte Preta vacinada pela derrota na última rodada da primeira fase para o mesmo Corinthians (que mesmo com o time misto não abriu mão de suas principais características), veio disposta a parar o alvinegro da capital com estratégia bem definida e muito empenho por parte do time campineiro.

Corinthians-Ponte

Gilson Kleina armou sua equipe em um 4-2-3-1 muito bem distribuído, com o lateral Cicinho escalado pela direita na linha de armadores, para acompanhar Fábio Santos. Pela esquerda, Caio fazia o mesmo com Edenilson, enquanto por dentro, Renato Cajá dava combate em Paulinho, impedindo a saída de bola corinthiana. Assim, a Macaca conseguiu se impor mesmo na casa do adversário e dominar o começo do jogo, porém, o primeiro lance de perigo só veio em uma bola parada, quando William Magrão cobrou falta de longe e contou com grande colaboração de Julio César para abrir o placar.

Com o placar adverso, o Corinthians até tentou se soltar um pouco mais e controlou a posse da bola mais no seu meio campo, porém, esbarrava no forte bloqueio da Ponte, que era quem conseguia criar as melhores oportunidades de gol em contragolpes rápidos e bem articulados, quase sempre passando pelos pés criativos de Renato Cajá e Caio. Num desses, o camisa 11 acionou o lateral Uendel passando sozinho pela esquerda, de onde esse centrou para Roger se antecipar a Leandro Castan e ampliar antes do fim da primeira etapa.

Tite mexeu mal no intervalo e voltou com Alex e Douglas nas vagas de Danilo e Jorge Henrique. As mudanças deixaram o time ainda mais entregue à marcação pontepretana, muito devido a má forma física de Alex, recém voltado de lesão que perdeu praticamente todas as disputas no meio, além de tornar a equipe mais lenta e previsível. Erro que só foi corrigido com outra mudança logo aos 10 da etapa final, quando o treinador lançou Willian no lugar do jovem zagueiro Marquinhos, recuando Ralf para a zaga central e deixando apenas Paulinho na contenção – algo que não acontecia na pratica, uma vez que o camisa 8 se lançava ao ataque.

Corinthians-Ponte2

O time se soltou e se lançou de vez ao ataque, em um 4-1-4-1 totalmente desorganizado que encurralou a Ponte – que a esta altura, com o recuo natural de Cicinho, já estava em um 4-3-1-2 – em sua retaguarda. A pressão desvairada teve efeito em um lance polêmico. Quando Renato Cajá e Douglas subiram em uma disputa de bola, o camisa 10 campineiro ficou no chão e o time do interior seguiu com o lance, mesmo com seu jogador caído. Na seqüência, o Corinthians recuperou a bola e seguiu com o lance até a bola chegar em Willian livre no bico direito da grande área para bater cruzado e diminuir o marcador. Pouco depois da retomada da partida, o mesmo Willian teve grande oportunidade de empatar, quando Paulinho tocou por cima do goleiro e o camisa 7 debaixo do travessão foi antecipado por Ferron (dono de atuação memorável), que acabou jogando pra fora.

Em meio à pressão e na pressa em busca do empate, Julio César tentou repor rapidamente na cobrança do tiro de meta e atingiu as costas de Leandro Castan e viu a bola cair nos pés de Renato Cajá que acionou Rodrigo Pimpão livre pela esquerda para ampliar e praticamente matar o jogo. Na saída de bola, Alex acertou chute da entrada da área e recolocou o Corinthians na partida, botando fogo nos minutos finais, mas a equipe não teve forças para buscar o empate e caiu perante um adversário que mostrou grande dedicação na parte tática, que jogou infinitamente melhor e foi muito merecedor do triunfo.

GUARANI 3-2 PALMEIRAS

Já no duelo alviverde do Brinco de Ouro da Princesa, Guarani e Palmeiras fizeram um primeiro tempo de muitos erros e poucas chances de ambos os lados. Felipão surpreendeu e voltou Luan à equipe, na mesma função que o camisa 11 exercia antes da contusão que o afastou por cerca de três meses: dando velocidade ao time pelo lado esquerdo e se juntando a Barcos no comando do ataque e abrindo o corredor para Juninho, além de fazer o cerco ao lateral oponente, o que matou uma das principais saídas dos bugrinos, com o rápido Oziel pela direita. No mais, o time da capital era praticamente o mesmo que já vem sendo utilizado por Scolari, apenas com a entrada de Mauricio Ramos na zaga, visando uma melhora na bola aérea, grande problema da equipe.

Guarani-Palmeiras

Apesar de jogar em casa, o time de Vadão era retraído, e esperava jogar no erro dos visitantes. Além de ver Oziel ser bem marcado por Luan, outra boa saída da equipe, com Danilo Sacramento, acabou sacrificada devido a preocupação do camisa 8 em cercar Marcos Assunção. Ainda assim, foi o bom volante que teve a melhor oportunidade da primeira etapa, quando Bruno Recife cruzou, a bola atravessou toda a área e Sacramento no segundo pau arrematou para fora, já no fim dos quarenta e cinco iniciais.

Na volta do intervalo, o time da casa avançou suas linhas e passou a encurralar o Palmeiras. Não demorou para que a pressão surtisse efeito. Fumagalli cobrou escanteio fechado, Deola saiu mal e viu a bola tocar a trave do outro lado antes de entrar, golaço olímpico do camisa 10. Mal deu tempo de comemorar o primeiro e já veio o segundo gol bugrino, apenas três minutos depois. Visivelmente sem ritmo de jogo, Luan não conseguiu acompanhar Oziel, que também deixou pra trás o zagueiro Henrique antes de cruzar rasante na área para Fabinho no segundo pau apenas escorar para o gol vazio. Novamente, mal deu tempo de festejar. Na saída de bola, boa jogada de Luan pela esquerda, e Marcos Assunção, aproveitando o rebote, diminuiu e incendiou a partida de vez.

Em desvantagem no placar, Felipão trocou o marcador João Vitor por Valdivia, lançando o time ao ataque. Com a mudança, Daniel Carvalho foi deslocado para o flanco direito, enquanto o chileno passou a preencher a zona central da trinca de meias palestrinos. Assim, o alviverde da capital passou a reter mais a posse da bola e trabalhar na intermediaria adversária, mas, muito na base do abafa e sem organização, não chegou a ameaçar a meta de Emerson. Scolari ainda lançou Fernandão e Patrik nas vagas de Daniel Carvalho e Luan, porém, sem muitos resultados.

Já nos acréscimos da partida, um replay do segundo gol dos mandantes. Em contragolpe rápido, novamente Oziel escapou bem pela direita, foi ao fundo e cruzou rasteiro. Mais uma vez Deola saiu mal, não conseguiu cortar e viu Fabinho chegar para concluir e praticamente definir o jogo. Só não estava definido, porque a exemplo do rival Corinthians, o Palmeiras conseguiu um golzinho logo em seguida, com Henrique, que pôs fogo nos minutos finais da partida, que no fim, ficou nisso. O time campineiro fez valer o fator casa e se impôs diante de seu torcedor, apesar de um domínio ligeiramente maior por parte dos comandados de Felipão, que tiveram mais posse de bola, porém, sem efetividade, e principalmente, sem qualidade para saber trabalhar esse maior tempo no controle do jogo.

Guarani e Ponte Preta farão um dos derbis mais importantes da história dos rivais campineiros. Duas gratas surpresas em um estadual que se marcava pela “chatice” de ter sempre os quatro grandes entre os finalistas. Dois clubes de grande tradição e que podem ter nessa campanha mais do que digna uma esperança de renascer para o cenário nacional. Fica a torcida por um grande jogo de futebol. E especialmente, fica a torcida para que corra tudo em paz no próximo domingo na cidade de Campinas, ainda marcada pela trágica morte do torcedor bugrino no chamado “derbinho” entre os times sub-17, há pouco mais de um mês.

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