REVÉS
A melhor campanha na primeira
fase devia garantir ao Atlético Mineiro um adversário teoricamente mais fraco
nas oitavas de final. Apenas teoricamente, pois o time foi presenteado com um
duelo contra o São Paulo, que se não vinha de boa campanha na fase inicial,
poderia reverter tudo no mata-mata.
E era a impressão que se tinha
quando o Tricolor já vencia por um tento a zero, dominava completamente o jogo
e abusava do direito de perder gols na partida de ida no Morumbi. Até...
SORTE
...a tola e juvenil expulsão do
experiente zagueiro Lucio. Em menos de dez minutos, o camisa 3 tricolor recebeu
dois cartões, foi pro chuveiro mais cedo e ofereceu o jogo e o confronto para o
Galo. Com um a mais, foi questão de tempo para virar o placar no Cícero Pompeu
de Toledo e levar boa vantagem para a volta no Independência, onde o time não
tomou conhecimento do rival e com facilidade, aplicou sonoros 4 a 1 para
garantir a classificação às quartas de final.
REVÉS
Contra os mexicanos do Tijuana,
tudo ia dando errado. Desvantagem de dois a zero no marcador, time
desencontrado em campo, parecia não ter forças para buscar o resultado.
SORTE
Diego Tardelli diminuiu e a
derrota por um gol de diferença tendo marcado gol fora de casa já pintava como
um ótimo resultado no México. Até que, aos 47 do segundo tempo, Luan recebeu de
Tardelli, ganhou a dividida com o zagueiro e tocou pro gol pra igualar o placar
e garantir boa vantagem para a volta.
REVÉS
No caldeirão do Horto, nem mesmo
o mais pessimista dos atleticanos poderia esperar um adversário tão duro quanto
foi o Tijuana. O time mexicano saiu na frente com gol de Reascos aos 25 de jogo
e Rever empatou aos 41, ainda na etapa inicial. O empate com um gol pra cada
lado bastava ao Galo para se classificar, e o resultado foi se arrastando até
os acréscimos da etapa final, quando o árbitro assinalou pênalti de Leonardo
Silva sobre Aguilar. Naquela altura, tudo parecia perdido. Parecia.
SORTE
A dois minutos do fim, caso fosse
convertida a penalidade, era o fim de Libertadores para o Galo. Reascos, o
autor do gol foi para a cobrança. O goleiro Victor foi para o canto direito, a
bola que fatalmente entraria no meio do gol parou no seu pé esquerdo e estava
garantido o acesso às semifinais. Nascia um herói.
REVÉS
O confronto contra o Newells Old
Boys se desenhava como o mais duro para o Atlético na sua caminhada rumo ao
título continental. Poderia não ter sido tão difícil, se Bernard aproveitasse
belo passe de Ronaldinho no fim da primeira etapa na Argentina. Mas, se fosse
mole, não seria Galo.
O camisa 11 desperdiçou a chance
de abrir o placar, e na etapa final, com gols de Maxi Rodríguez e Scocco os
“Leprosos” construíram a excelente vantagem que levariam para Minas Gerais.
SORTE
Se Bernard falhou na Argentina, no
Independência o baixinho não desperdiçou a oportunidade e logo com dois minutos
de bola rolando colocou o Atlético na frente do placar que, no entanto, ainda
dava a vaga aos argentinos.
Veio a etapa final, o tempo
passava e nada do gol sair. Veio o apagão, o jogo ficou onze minutos parado, e outro
Atlético voltou do escuro. Alecsandro e Guilherme entraram no time, e na base
do abafa, Guilherme achou disparo certeiro no canto do goleiro Guzmán para
devolver o placar da Argentina e levar a disputa para os penais.
Na disputa das penalidades, duas
cobranças assinaladas e duas desperdiçadas de cada lado, Ronaldinho converteu a
última cobrança e colocou o Galo em vantagem, para o goleiro Victor se
agigantar na cobrança de Maxi Rodríguez, ser novamente o herói e colocar o
Atlético numa inédita final continental.
REVÉS
Primeiro duelo da grande decisão
no Defensores Del Chaco abarrotado de torcedores decanos, o Atlético começou
melhor, se aproveitando da lentidão da defesa paraguaia e empilhando chances
desperdiçadas, especialmente por Diego Tardelli.
Aí, entrou em cena a “Lei Muricy
Ramalho” no futebol e a bola puniu. Alejandro Silva fez grande jogada
individual e bateu da entrada da área, no cantinho esquerdo de Victor para
abrir o marcador.
O time sentiu o gol e se perdeu
em campo, passando a produzir muito pouco e vendo a derrota por apenas um gol
como um bom resultado. Até mais uma vez ter uma dose de azar, e Pittoni acertar
cobrança de falta certeira nos minutos finais da peleja e ampliar a vantagem a
favor dos paraguaios.
SORTE
O jogo do Mineirão começou tenso,
corrido. Um Atlético nervoso em campo, errando em demasia e pecando pela
pressa. Assim, o primeiro tempo passou e o alvinegro mineiro não conseguiu
assustar os paraguaios.
Antes do primeiro minuto da etapa
final, Rosinei cruzou na área, a zaga falhou e Jô tocou para as redes. Animo
renovado e pressão total. Partindo pra cima desesperadamente, o time ficou
exposto a contragolpes, e em um desses, por pouco tudo não veio por água
abaixo. Ferreyra recebeu bola quebrada da zaga, passou por Victor, e na hora de
tocar para o gol vazio, escorregou, desperdiçando a chance paraguaia de
levantar o caneco.
Pouco depois do susto, novamente
a “Lei Muricy” em ação. Primeiro, Manzur cometeu falta dura em Alecsandro e
recebeu o segundo cartão. Galo com um a mais, a cinco minutos do fim. No abafa,
Bernard cruzou na área e achou Leonardo Silva. O zagueirão testou no canto, marcou
o segundo gol, e garantiu a prorrogação.
Com um homem a mais, o Atlético
poderia ter pressionado durante os trinta minutos restantes para matar o jogo e
garantir a taça ainda com bola rolando. Mas, como já fora dito, não tem
facilidade para o Galo. O placar seguiu o mesmo e a decisão se encaminhou
novamente para as penalidades.
Victor, o herói, apareceu
novamente. Na primeira cobrança paraguaia, o goleiro atleticano se adiantou e
se agigantou, defendendo a batida de Miranda e dando a Alecsandro a chance de
garantir a vantagem. O centroavante converteu e assegurou o 1-0.
Nas cobranças seguintes, Ferreyra,
Candía e Aranda converteram para os decanos, enquanto Guilherme, Jô e Leonardo
Silva assinalaram para o Galo, colocando 4-3 no placar das cobranças, e pressão
total sobre Gimenez, que se desperdiçasse daria a taça ao Atlético.
Desperdiçou. A cobrança foi pra
fora e o Mineirão explodiu em festa. O Atlético era campeão da Taça Libertadores
pela primeira vez em sua história.
História marcada por grandes
times e poucas conquistas. Marcada por certa dose de azar nos momentos
decisivos. Não dessa vez. Em 2013, não teve revés. A sorte, enfim, sorriu para
o Galo na hora da decisão.
Sorriu para Cuca, o técnico que
também carregava a pesada alcunha de “azarado”. Dessa vez, a sorte caminhou com
clube e treinador. Sorte de quem tem Victor, o herói defensor de penalidades.
Sorte de quem tem Ronaldinho, maestro do time em toda campanha. Sorte de quem
tem Bernard e sua alegria nas pernas, infernizando adversários. Sorte de quem
tem Jô, artilheiro da competição com sete gols. Sorte de campeão. Sorte que
acompanha aquele que foi competente. Sorte atleticana.
Parabéns, Clube Atlético Mineiro. Por competência e sorte, o dono da América.
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