A pressão imposta pelo Borussia
nos primeiros vinte minutos de jogo em Wembley deixava claro que, ao contrário
do que imaginava esse que vos escreve (AQUI),
os aurinegros não iam se acuar diante do poderoso rival.
O time de Jurgen Klopp começou a
partida num ritmo intenso, com linhas de marcação altas e aperto nas principais
vias de saída do Bayern, Phillip Lahm e Bastian Schweinsteiger. O lateral era
vigiado por Grosskreutz, enquanto Gundogan empurrava o 31 bávaro contra seu setor
defensivo, ganhando a batalha de meio campo.
Se impondo especialmente na parte
física, o Borussia levou perigo à meta de Neuer, que foi o responsável por
manter o zero no placar com pelo menos três boas defesas no período.
A partir de metade da etapa
inicial, Schweinsteiger recuou até a linha de zagueiros, se tornando
praticamente um líbero, dando liberdade para os laterais avançarem e saírem do
sufoco imposto pelos meias abertos do Borussia. Com isso, o Bayern ganhou com
saída de bola qualificada desde a sua defesa, cresceu e passou a controlar as
ações da peleja.
Flagrante do recuo de Schweinsteiger e avanço dos laterais . Imagem retirada do post dos amigos do Doentes por Futebol. |
Taticamente, o clube da Baviera
veio postado no mesmo 4-2-3-1 de toda a temporada, porém, com uma pequena
mudança de posicionamento no tridente de meias ofensivos. Robben e Muller
inverteram suas posições de costume, com o holandês se deslocando pro centro e
o camisa 25 ocupando o flanco direito.
Com a aproximação de Robben e
Ribery, as oportunidades começaram a surgir em demasia, especialmente nos pés
de Robben, que teimava em desperdiçá-las, fazendo voltar à tona as memórias de
seus fiascos em decisões – Copa do Mundo em 2010, e final da UCL da temporada
passada, quando desperdiçou um pênalti na prorrogação contra o Chelsea.
O panorama na segunda etapa
seguiu o mesmo, com o Bayern tendo o domínio da bola e do jogo. O time vermelho
ocupava o campo ofensivo e procurava os espaços com troca de passes rápidos e
movimentação constante dos homens de frente. Espaço que foi achado quando
Robben se infiltrou pela esquerda para receber passe magistral de Ribery, e
cruzar certeiro para o meio da área, onde Mandzukic só teve o trabalho de
empurrar para o gol vazio e abrir o placar da decisão.
A explosão da torcida bávara nas
arquibancadas de Wembley durou pouco mais de cinco minutos. Reus invadiu a área
e foi derrubado por Dante, que atabalhoado levantou demais o pé e acertou em
cheio a barriga do 11 borussiano. Aqui, talvez o único erro grave do árbitro
Nicola Rizzoli, que apontou a penalidade, mas deveria ter mostrado o segundo
amarelo para o zagueiro brasileiro. Gundogan cobrou com categoria, no canto
oposto de Neuer e empatou o certame.
Naquele momento, a igualdade no
marcador poderia remeter ao Bayern as lembranças dos dois vices nas últimas
três temporadas, especialmente por contar com vários jogadores presentes nas
derrotas. No entanto, o time se mostrou maduro, e seguro do que queria. Queria
a taça. Queria apagar o estigma de derrotado que poderia marcar essa excelente
geração.
O gol do título poderia ter sido
de Thomas Muller, um dos presentes nas duas finais perdidas, que avançou pela
direita, passou pelo goleiro Weidenfeller e tocou pro gol, mas Subotic salvou
em cima da linha. Não era para ser dele.
Em mais uma daquelas histórias
que só o futebol pode proporcionar, quis o destino que o herói fosse justamente
aquele que desperdiçou a chance da conquista na temporada anterior dentro da
Allianz Arena. O destino escolheu Arjen Robben.
Participativo, o holandês já
havia desperdiçado três oportunidades no jogo, já havia servido para o gol de
Mandzukic, mas sua redenção só seria completa com o gol que veio a dois minutos
do fim. Em bola longa de Boateng, que Ribery ganhou da defesa e de calcanhar
deixou para Robben. O camisa 10 tirou de Hummels e deu um toque sutil na saída
de Weidenfeller para tirar do goleiro e ver a bola ir mansa morrer no fundo da
rede.
O tento que assegurou o quinto
título continental na gloriosa história bávara foi também o da libertação de
Robben, que trocou o rótulo de “amarelão” pelo posto de herói de uma conquista
incrível, que coroa uma temporada irretocável e consagra de vez essa
espetacular geração do time de Munique.
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